Declaração conjunta: O Brasil deve garantir a segurança e proteção do líder afro-brasileiro Marcos Rezende

31 de março de 2022.– O Escritório de Washington para a América Latina (WOLA), o Instituto Internacional de Raça e Igualdade e o Escritório de Washington para o Brasil (WBO) incitam as autoridades brasileiras e americanas a garantir a segurança de Marcos Rezende do Coletivo de Entidades Negras (CEN). Veterano de 25 anos em direitos […]

31 de março de 2022.– O Escritório de Washington para a América Latina (WOLA), o Instituto Internacional de Raça e Igualdade e o Escritório de Washington para o Brasil (WBO) incitam as autoridades brasileiras e americanas a garantir a segurança de Marcos Rezende do Coletivo de Entidades Negras (CEN). Veterano de 25 anos em direitos humanos e líder afro-brasileiro, Marcos é conselheiro suplente no município de Salvador, estado da Bahia, e pré-candidato a deputado estadual pela Bahia.

Em 27 de fevereiro, Marcos gravou um vídeo, mais tarde divulgado nas mídias sociais, da polícia roubando um jovem negro em sua comunidade do Solar do Unhao. Dois días depois, a polícia militar executou três jovens na comunidade de Gamboa, que está localizada perto do Solar do Unhao. Marcos denunciou que o massacre destes jovens negros nesta região pobre e periférica foi realizado por Rondas Especiais (RONDESP), uma força policial especial. Marcos estava entre os vários líderes comunitários que denunciaram este massacre à imprensa e a organismos internacionais de direitos humanos.

Devido ao vídeo e sua denúncia do massacre, as ameaças de morte e os ataques contra Marcos reacenderam novamente. Fontes do Governo da Bahia com acesso a informações privilegiadas o informaram de que sua vida estava em risco. Seu nome tem circulado em chats WhatsApp de defensores militares e da polícia declarando: “Quem são os líderes dos movimentos negros, quem apóia esses líderes? De onde vem o dinheiro que faz com que os movimentos negros defendam as facções?”

Em 14 de março, Marcos viajou para Washington, DC para se reunir com a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Congresso dos EUA para denunciar a violência policial contra afro-brasileiros. Durante sua viagem ele se encontrou com a WOLA, Raça e Igualdade, e WBO. Desde seu retorno, ele foi forçado a se esconder para proteger sua vida. Logo após o retorno da delegação do CEN, uma ameaça de morte escrita em um papel aleatório sem identificação foi colocada sob sua sede em Santo Antonio Alem do Carmo dizendo, “A justiça chega para todos”.

Desde o advento do bolonarismo em 2018, Marcos começou a receber numerosas ameaças de morte. Estes ataques se intensificaram ao ponto de ele ser forçado ao exílio fora do Brasil por um período de dez meses. Marcos voltou ao Brasil para continuar a defender as vítimas afro-brasileiras da violência policial que viviam em bairros marginalizados. Neste ponto, ele se tornou candidato nas eleições municipais de Salvador, onde foi eleito para se tornar um conselheiro alternativo para Salvador, Bahia.

Exortamos fortemente os formuladores de políticas americanas, particularmente os membros da Comissão de Direitos Humanos do Congresso Negro e Tom Lantos, a instar o governo brasileiro a garantir a integridade física de Marcos e a assegurar que a CEN possa continuar a defender os direitos dos afro-brasileiros sem ser prejudicada. Os formuladores de políticas norte-americanas devem se manifestar contra este ataque e desenvolver ferramentas políticas que ajudem a garantir a segurança dos afro-brasileiros que defendem suas comunidades das violações dos direitos humanos.

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