Pronunciamento de Raça e Igualdade sobre o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira

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Brasil, 16 de junho de 2022 – Quantas vidas vão custar a omissão do Estado Brasileiro? Quantas vidas valem as declarações levianas do Presidente diante das mortes dos defensores de direitos humanos? Entre os desdobramentos das buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira, chegou a impactante confirmação do assassinato de ambos. Como se não bastasse as […]

Justiça por Dom e Bruno

Brasil, 16 de junho de 2022 – Quantas vidas vão custar a omissão do Estado Brasileiro? Quantas vidas valem as declarações levianas do Presidente diante das mortes dos defensores de direitos humanos? Entre os desdobramentos das buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira, chegou a impactante confirmação do assassinato de ambos. Como se não bastasse as inconsequentes desinformações do Governo e da Polícia Federal, mais uma vez, a sociedade brasileira recebeu o recado da necropolítica orquestrada pela milícia que se encontra no poder. Quem mexer com as bancadas da bala, da bíblia e do boi, que regem nosso Executivo e Legislativo, tem como resposta a morte.

Com Bruno e Dom esse aviso chegou com crueldade. Em uma Amazônia que banha em sangue indígena, quilombola e negro, entre Chicos Xavier à Irmãs Dorothy, a certeza da impunidade esquarteja corpos para intimidar e aterrorizar uma nação. Afinal, são 1555 dias em que todos perguntam “Quem matou Marielle e Anderson?”, logo, por que haverá “#JustiçaPorDomeBruno?”. No 4º país mais perigoso para ativistas de direitos humanos, esse crime político não pode ser esvaziado! O reaparelhamento das instituições federais indigenistas, como a FUNAI e o Ibama, onde os servidores são ameaçados caso defendam os direitos previstos para a população indígenas, segue o curso do massacre dos povos indígenas de todo o país.

Alertamos para o fato de que os programas de proteção dos defensores de direitos humanos não são capazes de cumprir seu papel, diante do desmantelamento desses programas pelo Estado e pela constante redução da participação da sociedade civil. O assassinato de Dom e Bruno reflete o silenciamento dos (as) jornalistas, dos (as) ativistas e da sociedade civil organizada. Qual diálogo esperar de um Presidente que antes mesmo de ser eleito tinha como plataforma política o fim das ONGS e o fim da demarcação de terras indígenas e quilombolas? Ressaltamos, ainda, o incentivo deste mesmo Presidente ao neoextrativismo ilegal e exarcebado, especialmente em áreas do território indígena na Amazônia.

Solenemente, prestamos solidariedade aos familiares e amigos de Dom Phillips e Bruno Pereira. A luta está cerceada pela proeminência da violência e da morte. A população brasileira urge por justiça social e racial, por comida no prato e pelos seus direitos!  A impunidade precisa ser combatida no Brasil, pois a liberdade de expressão e a defesa de territórios como a Amazônia são vitais para o funcionamento da democracia.

 

 

*Imagem: Ilustração de Cris Vector (@crisvector)

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